Confesso que eu estava um tanto ansioso para ler e escrever um pouco sobre a minha porta de entrada para a famosa Ficção de Cura que tanto andavam falando pelas bookredes. Foi inclusive cenário em diversos estandes na Bienal do Livro de 2024, como a própria Livraria Morisaki na Editora Record, e Amêndoas ali na Rocco.
Inclusive, por sorte, esse ano o Grupo Editorial Record me aceitou como parceiro e pude ter a oportunidade de receber da Bertrand (selo importantíssimo do grupo editorial) o livro Meus Dias na Livraria Morisaki. E é dele que vamos falar hoje.
A História
O que você faria se seu namorado anunciasse que vai se casar… com a outra namorada dele? Essa é a dura realidade que Takako enfrenta, desencadeando uma transformação em sua vida. Após essa revelação, ela se muda para a pequena livraria de seu tio Satoru, situada em um famoso bairro de sebos e cafeterias em Tóquio.
Nos primeiros capítulos, Takako pode parecer uma personagem intragável, relutante em mudar. Contudo, ao longo da narrativa, testemunhamos seu amadurecimento e vontade de transformar sua vida. Inicialmente, ela é uma jovem perdida, sem amigos e sem qualquer contato com a literatura. Ao final da história, sua evolução é notável, embora sua personalidade ainda pareça um tanto insossa.
Quando chega à livraria Morisaki, Takako enfrenta uma depressão profunda, mal conseguindo ficar acordada além de ajudar seu tio nas manhãs. Os clientes, percebendo sua situação, fazem piadas internas sobre seu sono excessivo. A partir do momento em que ela compreende que a mudança depende dela, começa a frequentar a cafeteria do tio, fazer amigos e, principalmente, se interessar por livros.
A relação com seu tio é central na trama. Embora Takako o considere esquisito e antiquado, Satoru a valoriza por ter “salvo” sua vida quando ela nasceu, encontrando nela um sopro de esperança em um momento sombrio.
Outro aspecto interessante é o desenvolvimento de Satoru, um homem hiper caricato, e sua história com Momoko, desde a herança da livraria até suas viagens que culminaram no amor de sua vida. Momoko também tem seu espaço na narrativa, revelando os motivos de sua partida, cinco anos antes dos eventos do livro. Embora esse aspecto tenha um grande potencial, senti que o autor não explorou a fundo essa parte, deixando algumas questões em aberto que poderiam ter sido melhor desenvolvidas.
Além disso, o livro é uma ótima introdução à cultura japonesa, repleto de referências a autores, livros, culinária e episódios da história do Japão, como a Era Edo. Para quem tem interesse na Ásia, esses detalhes são bem legais e interessantes e enriquecem a leitura. Essas partes foram inclusive as minhas preferidas.
Em resumo, “Meus Dias na Livraria Morisaki” é uma leitura leve e agradável, ideal para relaxar após uma semana cansativa. Mas foi realmente apenas para isso que ele foi produzido?
A Edição
Quem me acompanha há mais tempo sabe que, além de designer, sou apaixonado por projetos gráficos bem elaborados. Posso afirmar com tranquilidade que as cores, os brilhos e o formato da edição realmente me encantaram. E isso, na verdade, agrada a todos os tipos de fãs.
Como nunca havia lido um livro asiático (exceto pelos mangás, claro), foi um desafio entender algumas citações culturais específicas, mas, ao mesmo tempo, essa descoberta foi muito bacana. Embora a história tenha deixado a desejar em alguns aspectos para realmente me cativar, consegui visualizar todos os cenários, provavelmente por causa do meu repertório de Estúdio Ghibli e dos vídeos do TikTok sobre o bairro onde a trama se desenrola, hahaha.
O livro é de leitura rápida, o que é excelente para quem não tem muito tempo, mas ainda assim quer se aventurar no mundo da literatura.