Como filhos da coroa britânica Norte e Sul, Thomas e David foram criados sob rígidas regras desde cedo. Eles pertenciam à Inglaterra, mas nunca imaginaram que essa mesma coroa apagaria Thomas da história, deixando-o sem apoio, sem nome e escondido em um lugar remoto. Quinze anos depois, David faz um pronunciamento oficial em rede nacional, trazendo à tona segredos surpreendentes.
Nessa trilogia fascinante adaptada de uma fanfic Larry Stylinson, acompanhamos o ponto de vista de cada um nos dois primeiros livros, vivenciando momentos de surpresa, lágrimas e paixão. E agora, tenho o prazer de conversar com Amanda, a autora que criou essa história cativante e que, apesar de não poder pagar pela minha terapia, está aqui para responder às minhas perguntas! Venha conferir essa entrevista imperdível e mergulhe ainda mais no universo de Contra-Coroa.
Vamos começar do início pro pessoal te conhecer melhor! Quem é a Amanda Grílli, afinal? Não apenas como escritora, mas como pessoa.
Amanda é uma autora de 24 anos que nasceu em Brasília, mas atualmente reside em Minas Gerais, e é extremamente apaixonada por todas as formas de arte! Sou escritora, mas também sou apaixonada pelo teatro, pelo desenho e, principalmente, por aprender outras artes para mesclar em uma só. Acredito que a escrita une todas elas; sou apaixonada por isso, pois a arte une tudo o que estamos sentindo. Sou apaixonada pela representatividade e inclusão na literatura… O fato de lermos um livro e querermos ser amigos daquele personagem, ou nos vermos naquele lugar, identificando-nos com o que o personagem está sentindo, nos toca tão profundamente que tornamos o personagem uma parte de nós.
Falando do lado pessoal, sou uma ariana com ascendente em touro e lua em peixes! Acho que isso diz muito sobre mim (risos). Sou muito sentimental, mas também gosto de colocar as coisas em prática. Amo a natureza, a relação comigo mesma, a psicologia, e amo viver.
Quando decidiu encarar a escrita como profissão?
Eu não consigo pensar em um momento exato! Acho que foi um caminho automático. Quando comecei a escrever, fui me apaixonando e descobrindo novas formas de expressão. Aí quis fazer mais disso! Quando encarei a vida adulta e a necessidade de “escolher uma profissão”, escrever já era o que eu fazia. E eu só queria continuar fazendo isso pelo resto da vida, então foi automático.
Apesar de ter sido natural, houve fatores muito importantes que me fizeram continuar na escrita. Um deles é contar histórias reais, tocar as pessoas, tirá-las da realidade em que estão naquele momento. A arte é isso: sair um pouco da vida real e causar um alívio, um sopro. Trazer uma mudança no mundo e abordar assuntos que, ao meu ver, não são tão discutidos… Tudo isso me faz continuar escrevendo, apesar de todas as dificuldades de ser escritora no Brasil.
E também, claro, é uma forma de expressão. Mesmo que não tivesse a escrita como profissão, eu estaria me expressando de alguma forma. É algo crônico, porque eu escrevo sobre qualquer coisa! Se eu estiver cansada, vou querer escrever sobre estar cansada (risos).
De onde surgiu a ideia de Contra-Coroa? Desde o início você já sabia que seria uma trilogia?
CC surgiu quando eu tinha 16 anos, numa sala de aula. Na escola, eu sempre fui aquela aluna que trocava as aulas de exatas por um caderninho de escrita. A ideia surgiu antes mesmo de eu começar a escrever! Comecei a escrever só aos 21 anos, mas sabia desde o início que era uma história ambiciosa, que exigiria muita pesquisa e que iria revolucionar um pouco as coisas. Eu costumo não esperar pelo momento certo, porque sei que momentos certos nunca chegam; nós é que temos que fazer dar certo! Mas, no caso de Contra-Coroa, eu esperei. Eu sentia que não era o momento.
Quando comecei a escrever, a ideia era de um livro único. Desde o início, sabia que seria da forma que foi, apenas mudei a ambientação. Tanto que você pode ler o primeiro livro separado do resto! Mas acabou virando uma trilogia porque as pessoas pediram muito, e isso plantou uma sementinha na minha cabeça. Eu sabia que a parte do David no primeiro livro era muito curta, apesar de haver muita coisa por trás da vivência dele, que estava apenas subentendida. Então comecei a pensar: “E se houvesse um segundo livro? Sobre o que ele falaria?”, e aí, automaticamente, ele já foi se formando na minha cabeça com as histórias que eu sabia que existiam ali por trás.
O terceiro livro surgiu porque o segundo estava muito grande! Então completei, e ficou uma trilogia completa, com tudo o que era necessário.
O que te motivou a escrever Contra-Coroa? Além dessa questão da representatividade.
Essa é uma ótima pergunta! (risos) Contra-Coroa surgiu numa época em que muita coisa estava mudando na minha vida, mas eu também sentia que estava meio paralisada. Muita coisa nova estava acontecendo: eu estava saindo das fanfics e publicando originais, e já havia publicado alguns poemas, mas precisava me dedicar ao romance, que é o que realmente gosto, e fazer isso em uma versão original. Eu já sabia que CC era um projeto audacioso, e queria escrevê-lo há muito tempo porque é uma história que me motiva muito! Até hoje, sou completamente obcecada por ela.
Eu também estava em um período de arriscar, e me identificava muito com o Thomas (personagem de Contra-Coroa), passando por alguns conflitos internos semelhantes aos dele. Então, ele foi como um melhor amigo para mim, mas também como um diário. Enquanto o construía, colocava minhas próprias reflexões. Foi o momento perfeito para escrever esse livro! Eu sentia isso na época e, ao realizar o sonho de escrever algo que estava na minha cabeça há anos me deixando completamente louca, queria colocar isso logo no mundo. Em 2021, finalmente nasceu Contra-Coroa.
Como foi o processo de escrita?
Caos! Dedo no ** e gritaria! (risos)
É uma pergunta bem ampla, mas vou tentar responder. Tem muitos detalhes! O processo foi um caos. Eu estava em uma fase em que me via de forma diferente e queria me expressar de uma maneira diferente. Foi meu primeiro livro original, então houve processos novos para mim, como a criação de sobrenomes para todos os personagens. CC me ensinou muito! O processo de escrita foi o primeiro (e o único até agora) livro em que sentei e planejei literalmente tudo. Havia coisas que eu descobria junto com o livro e anotava tudo, criando uma linha do tempo e inserindo tudo o que queria colocar.
Foi uma escrita bem metódica, onde eu pesquisava tudo, assistia a documentários (provavelmente, agora sei tudo sobre a família real!), fiz muitas pesquisas porque queria mostrar que esse livro seria algo grande e especial. Queria dar tudo de mim para fazer esse romance ser exatamente como estava na minha cabeça. Então foram meses de muitas pesquisas e tudo o que você possa imaginar. Fiz alguns cursos para artistas também, e isso me ajudou principalmente no processo de divulgação de Contra-Coroa, fazendo-me entender que aquela obra era MINHA! E se eu não falasse sobre ela, mais ninguém falaria. Apaixonei-me primeiro pela minha obra; isso foi só uma maneira de expressar tudo o que eu queria para aquele livro.
CC foi minha primeira obra com o título em português. Fiz uma lista de possíveis nomes e cheguei a Contra-Coroa porque dava para brincar bastante com o título. Dei um susto na língua portuguesa juntando as palavras, e etc. A capa era algo que eu já tinha na minha cabeça! Foi muito simples o processo criativo porque eu já sabia exatamente o que queria. Foi muito intuitivo, pois foi um livro pensado em todos os detalhes desde o início, muito amado em todos os processos, e eu tentei dar o máximo de mim. Todos os livros que vieram depois colheram muito do que aprendi com Contra-Coroa e a criação e formulação de um livro e seus personagens.
Agora descreva a trilogia em uma palavra.
Amadurecimento
Você é escritora independente atualmente, certo? Sei que faz tudo sozinha, tem ideias incríveis de lançamentos (Não é à toa que tenho uma camiseta belíssima de CC) e muitos outros projetos. Acha que uma editora ajudaria em todo esse processo ou você gosta de ter tudo nas próprias mãos?
Sim, atualmente sou independente, mas gosto muito de experiências! Quero ter experiências de absolutamente tudo, o máximo possível. Quero experimentar trabalhar com editoras, quem sabe com contratos de longa duração, porque já tenho a experiência de ser independente e sei como é. Quanto mais experiências acumulamos, mais evoluímos nosso conhecimento. Há muita coisa que sei hoje em dia que provavelmente não entenderia se tivesse começado direto com uma editora. Acho que todos esses processos são muito importantes! Ser independente é a base de tudo, porque sei exatamente o que preciso para meu livro, para a divulgação e o que posso fazer com meus leitores. Claro que não sei tudo! Há muita coisa que quero aprender e ouvir de outras pessoas. Mas tenho uma base, e isso ninguém pode tirar de mim.
Acho que quando encontrar uma editora que venha para somar ao que já aprendi como independente, vai ser incrível e muito bem-vinda. Tenho projetos que vão precisar de uma ajuda a mais, projetos muito ambiciosos, porque costumo sonhar sem me limitar ao que posso fazer – eu sonho sem limites (risos)! E tenho que correr atrás para realizar… Fazer tudo sozinho é muito cansativo. Se você me perguntar se vale a pena, talvez comercialmente não valha nem um pouco, sabe? Mas é aquela sensação de saber que você está dando o seu máximo e aprendendo com isso.
Não é o fim do mundo ser independente, principalmente para quem está começando e não tem uma editora ou contatos. Faça por você mesmo, porque vale muito a pena! Tudo o que tiramos disso é aprendizado. Hoje em dia, sei um pouco de revisão, diagramação, marketing, etc. Com cada livro, aprendo um pouco mais.
O que deu origem ao nome dos livros de Contra-Coroa? De onde veio a ideia?
Eu já tinha em mente que queria algo que mostrasse esse ‘enemies to lovers’ que é CC. Mostrar um pouco desse ódio! Acho que, assim como o amor, o ódio move muito a história (principalmente no primeiro livro). Então, o nome tinha que mostrar isso e ter uma menção à coroa. Eu queria algo prático e agradável de falar. Como era muito simples e surgiu na lista de nomes que fiz, fui percebendo que fazia mais sentido a cada vez que eu lia esse título.
É um nome que traduz totalmente a obra! Parece até que nasceu com o livro! E, mesmo assim, foi um título que só surgiu enquanto eu estava escrevendo.
Se você pudesse mudar alguma coisa no primeiro livro, mudaria algo? O que?
Essa é uma pergunta intensa… Eu sou do time que acredita que ‘foi do jeito que tinha que ser’, mas também sou do time daquele 1% de pessoas que dizem ‘Hmm…’ (risos).
Acho que mudaria o fato de que era para ser um livro único! Se eu soubesse que seria uma trilogia, teria deixado algumas coisas mais abertas e não teria finalizado tanto o primeiro livro, talvez o tivesse deixado mais extenso. Mas, junto com a proposta dos outros dois livros, que não formam uma trilogia cronológica, ficou tudo muito legal. No entanto, se tivesse que voltar no tempo, mudaria apenas isso mesmo.
Eu particularmente acho que o Thomas é o personagem que mais foi bem construído, na minha opinião (até porque ele é o meu favorito!). Você se inspirou em alguém para a construção dele?
O Thomas é muito incrível, né? Ele não foi inspirado em ninguém! Foi um dos meus personagens mais livres, mas ele tem muito de mim. Ele é o fruto dessa geração, talvez seja um pouquinho de tudo! Acho que o Thomas é muito mais baseado em sentimentos do que em outras pessoas ou personagens.
Eu costumo falar que o Thomas é um produto do que fizeram com ele. É uma coisa que o incomoda, e inicialmente ele é só sentimentos. Ele não tem tanta personalidade no início porque não tem tanto afastamento do passado para que ele criasse uma personalidade própria. É realmente o fruto das consequências da vida dele, tanto que no terceiro livro isso muda. Ele cansa de estar cansado e decide tomar o rumo da sua própria narrativa.
Como foi a criação dos personagens em um geral? Foram todos inspirações de pessoas que você admira, ou nem todos?
Todos foram criados de formas diferentes, mas todos seguiram mais ou menos o mesmo fluxo do Thomas: sentimentos. Algumas coisas foram baseadas na própria família real britânica da vida real, alguns traços do David (personagem do livro) têm um pouco da princesa Diana misturado com o príncipe Charles, principalmente porque o David foi uma criança sensível, mas que foi extremamente reprimida. Apesar de ter um pingo da vida real, é uma narrativa totalmente original, nada muito fixo. Ao falar da família real, estamos falando de um grupo muito seleto de pessoas, é algo muito privado. Então a construção deles é bem específica, foi muito importante estudar nesse sentido vendo sobre as pessoas que já passaram por ali, e tentei escrever de uma forma mais humana. E Contra-Coroa é exatamente sobre isso: sobre as falhas, sobre ser humano.
Manda aqui a sua citação favorita, uma que você acha que atrairia leitores novos!
Que responsabilidade!
“Tudo possui um peso em mim, embora nada me definisse. Também foi difícil aceitar que não era apenas uma consequência de uma sequência de acontecimentos ruins. Que não era a rejeição dos meus pais ou tudo que deu errado. Eu era o resultado das coisas que me fizeram forte o suficiente para me redescobrir. Eu precisava focar nas coisas boas toda vez que o mar tentasse me arrastar.”
Um spoiler do seu próximo livro? Próximos projetos? O que está vindo aí no Grilliverso? Hehe
Agora você me pegou, hein! Vou ter que tomar muito cuidado com tudo o que falar aqui… Se eu falar um A, já vai dar pra sacar. Tudo o que eu falar vai ser revolução! (risos) Posso dizer que… Vários livros muito legais vindo aí! Alguns mais leves, nos contemplando como pessoas LGBTQIA+, que não vivem só de dramas como Contra-Coroa. Também temos projetos bem diferentes, mas vou deixar no ar! Estou estudando muito nesse tempinho pós lançamento para algumas coisas que virão no futuro, tirando esse tempo pra mim. Mas vem aí muito conteúdo bem diferente do que já fiz. Serão conteúdos para pessoas reais, e também para quem gosta dos meus livros e processos de criação. É nisso que quero focar um pouco mais: fazer arte e contar sobre a minha arte. Quero focar em fazer a diferença da minha forma.
Fiquei sabendo que vai ter algo na Bienal! Pode falar um pouco mais pra gente?
Vou realizar um sonho que é estar na Bienal do livro! Dia 14 e 15/09 vou estar pela Editora Calíope na minha primeira sessão de autógrafos com muitos brindes especiais! Provavelmente vou levar alguns spoilers dos próximos projetos também, já que até lá eles vão estar mais próximos da liberação.
E também o planejamento é lançar um livro lá na Bienal! Só quem vai estar lá que poderá comprar e levar o livro pra casa! Eu posso falar que é um livro que vocês vão amar e surtar muito. É uma coisa muito especial que estou trabalhando já faz alguns meses… Também posso falar que vai ser meu primeiro livro com a capa ilustrada! (Obviamente as ilustrações não serão feitas por mim, mas sim por um artista muito especial)
O livro já está em projeto de revisão, mas está tudo praticamente pronto. Cada frame e diagramação foram feitos por mim, então será algo bem especial.
Quer falar um pouco mais sobre o novo lançamento da Bienal?
A intenção não era necessariamente a Bienal, mas como eu achei que não chegaria lá tão cedo… Quero fazer disso o maior escarcéu possível (risos)
Eu estou postando algumas coisas sobre isso, terão algumas surpresas durante os próximos meses, com algumas dinâmicas diferentes e afins. O nome do livro vai demorar um pouco para sair, mas infelizmente não posso falar mais sobre isso agora!
Com tantas novidades e projetos empolgantes no horizonte, é difícil não se contagiar com a energia criativa da Amanda! Se você está curioso para saber mais sobre seus próximos passos, não perca o áudio exclusivo que ela compartilhou comigo – e principalmente com vocês.
Isso é para vocês!
(E escutem até o final, eu acabei não apagando um detalhe porque ficou muito engraçado! Hahahaha)