“Dez Mil Sóis”, lançado pela Editora Planeta de Livros foi um dos livros mais vendidos da Bienal de 2024, e não é à toa. Imagine um enredo que captura a essência dos animes dos anos 80 e 90, ambientado em um contexto histórico real. Essa combinação única conquistou leitores de diferentes gerações, fazendo do livro um dos mais distintos e procurados da Bienal do Livro de São Paulo.
O autor, Renan Carvalho, um talento nacional já conhecido pela Saga Supernova lançada pela Editora Flyve, nos transporta para o Japão com uma obra envolvente. Ao abrir o pacote, fiquei impressionado com o capricho do projeto gráfico, que inclui ilustrações em estilo mangá e uma divisão em arcos, como nos animes. Para minha surpresa, encontrei no pacote que me enviaram também uma corda de Ayatori, uma brincadeira infantil japonesa, referência a uma cena de batalha de Ayatori no internato, uma das várias ambientações do livro.
A história começa de forma impactante, com a descrição angustiante da explosão da Bomba de Hiroshima, que, embora desconfortável, nos prende do início ao fim. É descrita por um dos personagens principais, que é uma criança. Então esse momento é repleto de sensibilidade e inocência. Por ser um livro com muitas referências de animes, eu senti que foi bem parecido com a cena de Hadashi no Gen.
Com toques de realismo mágico, não sabemos o que é real ou não; os youkais do folclore japonês são liberados, mas não sabemos se é devido à bomba. E os quatro irmãos protagonistas, cada um com poderes inspirados em diferentes animes, lutam contra eles e diversas outras aparições para se verem livres de ameaça e prosseguirem procurando a família e tentando sobreviver a essa tragédia.
- Kazuo, o irmão mais velho virou um samurai dos shounens.
- Kenji, o segundo mais velho, é inspirado no Super Sentai, então ele tem uma armadura mágica super legal. (Um exemplo de inspiração são os Power Rangers!)
- Amitiko, a única menina, foi inspirada nos shoujos! Então ela é toda fofinha e tem um espelho mágico, uma coisa bem Sailor Moon
- Já Shiro, o caçula, tem um amigo imaginário que é um robô gigante. Uma das inspirações para eles foi Evangelion.
São cenas em sua maior parte muito dinâmicas e repletas de ação, mas na real quando paramos para pensar é uma historia muito dolorida, porque de certa forma o autor nos faz ter uma imagem mais lúdica e mágica do que realmente está acontecendo.
São histórias contadas.
São apenas crianças tentando lidar com um trauma bizarro. E fica cada vez pior quando imaginamos que… Essa tragédia realmente esteve ali. Ela realmente aconteceu. Então quando chegamos no final da narrativa, um turbilhão de pensamentos não muito legais fizeram parte da minha mente por longas horas.
“Dez Mil Sóis” é uma leitura essencial para quem busca reviver a nostalgia dos animes antigos e entender a delicadeza e a dor de temas históricos que impactaram o Japão.